MÚSICA - Marquinhos Diet lança “Lagartas”, novo CD com músicas inéditas
Música em metamorfose
Disco gravado no estúdio Áudio Sonora conta com a banda Cozinha Boca de Caçapa

Foi um prazo longo, levou tempo, deu trabalho. Nesse período, o cantor e compositor Marcos Diet entrou em fase mais introspectiva, se afastou um pouco dos palcos londrinenses e refugiou-se em Paranavaí, a cidade natal. Enquanto mastigava as canções para um próximo disco, o CD “Lagartas” veio à tona.

O disco já está à venda no bar Valentino (Av. Bandeirantes, 61) e Villa Café (Zerão). A demora proporcionou um cuidado maior de estúdio e registrou o entrosamento da banda Cozinha Boca de Caçapa. Músicas anteriormente gravadas ao vivo ganharam novos arranjos, e vieram acompanhadas de inéditas. Agora, com o disco em mãos, Marquinhos Diet pretende voltar aos palcos, ao lado da Cozinha Boca de Caçapa, e tocar em Londrina, Paranavaí, Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro.

“Lagartas” faz parte da Coleção Sonora, uma série de discos gravados pelo Estúdio Áudio Sonora – que pretende virar selo. Independente, a produção contou com apoio da Lei de Incentivo à Cultura da Prefeitura de Londrina. Entre os discos que integram a coleção, estão Neuza Pinheiro (“Olodango”), Maquinaria (“Caixa de Sons”), Santeria (“Santeria”), André Siqueira (“Lithos”) e Frenetic Trio (“Sick Tormentor”), entre outros.

Ao todo, o CD reúne dez composições de Marquinhos Diet, duas delas parcerias – “Autocrítica”, com o jornalista e escritor Paulo Briguet – do JL –, e “O País dos Milionários”, com a escritora carioca Mathilda Kovák.

“A gente foi gravando sem muita pressa, conforme a disponibilidade de cada um. Não sei dizer quanto tempo levou, acho que um ano ou mais”, comenta Diet.

O tempo ajudou a amadurecer arranjos e dar uma forma final a músicas que já faziam parte do repertório do grupo. E também fez a transição para novas canções. “Sem querer, acabou predominando essa coisa de lagarta, de transformação, de passagem”, ressalta.

Do repertório, “Lembro de Você”, “Minha Cabeça é Minha”, “O País dos Milionários” e “Vigia” integraram o disco “Habitantes do Planeta”, gravado ao vivo em 2001 no bar Valentino, com Zé Roberto (bateria), Malaguti (percussão) e Fernando Stelzer (baixo), além de Diet (violão e voz). “Autocrítica” e “Lagartas” entraram em uma coletânea.

O disco ao vivo representou o momento em que a banda estava atraindo público em diversos pontos da Cidade. Mas as músicas ainda não tinham um arranjo definitivo, como ocorre no disco “Lagartas”. As inéditas são “Prazo de Validade”, “Comigo”, “Tudo Terminou” e “Insatisfeito”.

Marcos Diet mantém o estilo, calcado nos anos 60 e 70, agregando rock e música brasileira. Suas referências vão de Lou Reed a Beatles, de Secos & Molhados a Raul Seixas, de Luiz Gonzaga a Ednardo. As letras podem ser inconformadas ou românticas, sempre com uma ironia bem humorada, ancorada nas coisas do dia a dia. Algumas canções seguem a fluência da fala (“Minha Cabeça é Minha”), outras usam recursos da repetição (“O País dos Milionários” ou “Lembro de Você”). Também podem trazer arranjos com sopros funk, flertar com o rap, se aproximar de um rock mais direto – propício para destacar a letra, como ocorre em “Autocrítica”.

“Pela primeira vez senti um acabamento que ficou, embora eu ache que sempre está faltando alguma coisa, é natural, tudo está sempre em mudança”, acrescenta.

“Lagartas” contou com Zé Roberto Fáscio (bateria), Fernando Stelzer (baixo), Malagutti Sodré (percussão), Fernando Gouveia (guitarra), Angelo Galbiati (guitarra) Paulo Siqueira (sax), Eric Mago (flauta), Edinho (acordeon e piano), Kelen Franco (voz), Sabrina Vargas (voz) e Luciano Galbiati (teclados/efeitos). Os desenhos do encarte são de Sassá.

A música-título evoca o universo das crianças, mas não é necessariamente infantil. “É uma música que tem a ver com o mundo infantil também. A aceitação das crianças para essa música é grande, elas se encantam”, completa. É um reflexo da variedade de repertório, alimentado pela experiência de tocar desde festas a bares, agradando a gerações diferentes e, ao mesmo tempo, aprendendo.

“Às vezes você gosta mais de um estilo, como eu já gostei mais de rock. Mas você vai abrindo o leque e conhecendo, absorvendo aquilo e transferindo a parte boa para o seu trabalho.”

O novo CD mal saiu e Marquinhos Diet já está se preparando para o próximo. A explicação é simples: existem músicas que ainda não foram registradas e o autor quer aproveitar o momento. “Existem músicas anteriores a essas que eu nunca gravei, não pode passar muito tempo, senão você já não se identifica mais”, explica. Seja como for, Marquinhos Diet pretende gravar o próximo disco com a Cozinha Boca de Caçapa e o Estúdio Áudio Sonora novamente. “Foi ótimo, eles foram muito companheiros, vestiram a camisa, vamos manter essa parceria”, acentua. O show de lançamento de “Lagartas” está marcado para o dia 3 de abril no bar Valentino.
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Ranulfo Pedreiro