Seguindo a máxima de George Orwell em “1984” (e parece ser tão na moda falar de anos 80), “quem controla o passado, controla o presente”. Só isso justifica a existência desse espaço com músicas que foram tocadas durante boa parte dos anos 90, pra um séquito de pessoas que nem ao menos sabia a que se propunha aquele trio em cima do palco, castigando amplificadores, extraindo microfonia misturadas a melodias, sem pena de deixa-las à mostra em meio à sujeira sonora. Esse “barulho solitário” encontra ecos na atual cena indie (ou algo que se proponha a tal) da cidade, mesmo que seus mentores e precursores nem tivessem idade suficiente pra ter frequentado o bar Elis Regina, o Boca da Noite ou o Lança-Banda. Mas segundo o guru da Factory/Hacienda, Tony Wilson, “quanto menos gente, mais importante é o fato”; assim como o Velvet Underground, cada um que viu, mudou de vida. Alguns vão matar a saudade. Quem não tem saudade pra matar vai saber dar o braço a torcer que a energia desse barulho solitário continua viva e pulsando, a saturação enquanto “état d'art” encontra novos ouvidos, agora devidamente preparados para recebe-la. O barulho talvez nem seja mais tão solitário assim, passados doze anos. Benvindos a nossa casa, benvindos a nossa vida.