Quarteto Kroma

Quarteto Kroma

Cidade/EstadoSão Paulo / SP
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Uma proposta camerística. Assim podemos definir o trabalho do quarteto de guitarras elétricas KROMA. Formado no final de 1999 pelo guitarrista Heraldo Paarmann (Ultraje a Rigor), o grupo passou por um rápido desenvolvimento e chega, após um ano de intenso trabalho, à gravação de seu primeiro CD.
Em agosto de 2000, Heraldo - que havia sido meu aluno de estética musical no bacharelado em música da FAAM em São Paulo - convidou-me a ouvir um ensaio do grupo. Percebi que estava diante de uma proposta musical muito especial: a combinação da experiência e da precisão rítmica de Heraldo com a competência e a garra dos jovens talentosos guitarristas Alexandre Spiga, Igor de Bruyne e Fabiano Rodrigues, somada ao entusiasmo e à disponibilidade do quarteto para enfrentar novos desafios sonoros, fizeram desse encontro apenas a primeira das inúmeras madrugadas de árduo trabalho musical que compartilhamos.
O KROMA já havia abdicado da distorção antes mesmo de minha participação no trabalho, optando por um som limpo. Passamos a buscar, então, um conceito sonoro adequado ao repertório, o que não foi nem um pouco fácil: nos primeiros encontros, as coisas andaram muito lentamente. Chegamos a passar um único ensaio - de quase cinco horas - apenas nos primeiros compassos da Nachtmusik de Mozart: mudanças constantes de digitação - visando mais o resultado sonoro do que a facilidade técnica -, adequação de articulações, busca de um som mais encorpado, utilização de “vibratos” (análogos aos que são usados por violoncelistas, por exemplo), passagens de vozes separadas (individuais, em duos e trios), flexibilidade, precisão, leveza, agógica, dinâmica, diálogo entre as vozes, adaptação de detalhes da escrita do compositor às características sonoras da guitarra e a busca de uma homogeneidade timbrística entre frases sonoras na região extremo aguda e as regiões média e grave tornaram-se parte do quotidiano do quarteto. Sabíamos, no entanto, que resolver uma peça tão transparente e conhecida quanto a clássica Eine Kleine Nachtmusik (Pequena Serenata Noturna) K. 525 em sol maior de Mozart (1756-1791), com seus quatro movimentos, seria definir os critérios de interpretação do grupo, seu som, sua personalidade. A peça de Mozart, escrita em 1787, não precisou de nenhuma adaptação ou arranjo, uma vez que o KROMA trabalhou diretamente sobre a versão para quarteto de cordas (violino I, violino II, viola e violoncelo).
A última das “Six Dances in Bulgarian Rhythm” é a peça que fecha o Mikrokosmos, uma magistral coleção de 153 peças para piano do húngaro Béla Bartók (1881-1945) escrita entre 1926 e 1939. Juntamente com A Lenda do Caboclo (1920) do brasileiro Heitor Villa-Lobos (1887-1959) e do ragtime Climax (1914) do americano James Scott (1885-1938), compõe a trilogia pianística gravada pelo KROMA neste álbum. As peças de Bartók e Scott foram transcritas para quatro guitarras pelo guitarrista Márcio Alves, enquanto que a obra de Villa-Lobos foi transcrita pelo violonista Eduardo Fleury e extraída do repertório do quarteto de violões Quaternaglia, que a havia registrado em seu primeiro CD (JHO-1995).
Cumpre destacar a importância da jovem compositora brasileira Marisa Ramires (1962) na elaboração do repertório do CD. Ela assina uma composição inédita e quatro arranjos baseados em conhecidos temas do universo pop e da MPB. São eles: Unforgiven (1991), de Hetfield, Ulrich e Hammett, Eleonor Rigby (1966), Lennon e McCartney, Sina (1982), de Djavan e Flores em você (1986), de Edgar Scandurra. Nesta última faixa, o KROMA recebe o próprios compositores como vocalistas convidados, mostrando que um quarteto de guitarras pode também realizar com perfeição a função de acompanhar uma melodia principal.
Além da versatilidade dos arranjos, Marisa Ramires mostra um extremo rigor artesanal em sua própria obra. Em Marcha (1990), ela oferece uma rica textura sonora onde a densidade polifônica tem lugar garantido ao lado da especulação harmônica e das variações rítmicas. Realizando a primeira gravação da obra, o KROMA abre caminho para novas peças inéditas de compositores brasileiros contemporâneos interessados em escrever para quatro guitarras elétricas.
O próprio Heraldo Paarmann elaborou um camerístico arranjo do mais famoso tema de Luiz Gonzaga (1912-1989): Asa Branca, de 1947, fecha o leque das possibilidades repertoriais inaugurais da formação “quarteto de guitarras elétricas”, fazendo com que arranjos do próprio grupo combinem-se a arranjos de músicos competentes e transcrições cuidadosas de obras escritas somem-se a composições inéditas dedicadas ao próprio grupo e à abertura para acompanhar cantores e outros instrumentistas.
O CD do KROMA foi “mixado antes da gravação”: tal qual um quarteto de cordas erudito, Heraldo, Spiga, Igor e Fabiano acertaram todas as nuanças no processo que antecedeu a gravação. Chegado o momento do registro, bastou microfonar adequadamente os amplificadores e escolher a melhor performance: o CD foi gravado em apenas três sessões.

Sidney Molina ( Diretor Musical do Quarteto Kroma e Violonista do Quarteto de Violões Quarternaglia )



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