To aqui me olhando no espelho, vendo marcas do tempo em mim No meu rosto rastros da saudade que caminha sem nunca ter fim Entre as rugas estão as lembranças que não vou e não quero esquecer Viajando nesse meu passado ganho forças pra sobreviver Passeando no meu pensamento cada história na linha do tempo É um livro que pude escrever Pensando assim sou capaz de ainda ouvir o meu pai A tocar seu violão Depois que o sol a sorrir deixava a noite surgir Invadindo a imensidão Ainda vejo a clareza da lamparina acesa Espantando a escuridão Criando no momento, uma sombra em movimento Meu pai e o violão To aqui recordando o caminho, passo a passo por onde andei De encontro à chuva na serra, quantas vezes meu corpo banhei Primavera, as flores caindo, o perfume beijando o chão E na sombra da grande figueira descansei no calor do verão O sarilho do poço a girar, para o balde no fundo buscar Água fresca para o meu sertão