Palcos que se prestam a enfeitiçar um coração São de madeira, cimento Não tem vida, nem razão Se o artista não pisar seu passo A mostrar o ardil de então Brota enlevos leves, fino traço Cria transes tão sutis Rouba a vez, as almas, a atenção Pela prisão do que ele diz E carrega na turva fumaça Na viagem que perpassa De um circense em ação Maestro da ilusão Feitor da emoção Luzes que alternam atos, fatos de mentiras Criam espera na ribalta Mas por trás do pano estão Os pedreiros de poetas tortos Que ensaiaram no porão Vão forjar pedaços de estórias Não importa a sensatez E invadir gavetas de memórias Intervalam lucidez Para, então, sugar no fim da hora A expressão, de quem devora Da plateia, a sensação Maestros da ilusão Feitores da emoção Menestréis, cantores, pianistas, latejantes os artistas Errantes, cumprem a sua missão Marejar os olhos de amantes Encantar a multidão