Mercado Público

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EstiloRock
Cidade/EstadoPorto Alegre / RS
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O Velho Centenário

Composição: RODRIGO RODRIGUES E MERCADO PÚBLICO.
Sob a luz de um lampião Um homem vai escrever A história da nação E tudo mais que vê Ninguém vai duvidar, mas quem vai entender? Sentado na cadeira de palha Fumando um cigarro 'kaya' Passando pras mãos a lembrança De toda uma vida na infância Que nunca deixou de viver Sabe que é ruim recordar Das coisas que não queria ver E sua vida é como um mar Lindo, mas salgado, quase não da pra beber, oh não! Nasceu já era noite embaixo de uma aroeira. Mas não teve festa, não teve fogueira Sua pele escura o condenava a prisão Não tinha senzala, mas tinha a chibata do patrão Seu pai sempre sorrindo lhe ensina a ser bom E dizia pra não esquecer Que imagem e semelhança não quer dizer Que homem pode tudo, que não há limite em seu poder E em sua integridade ninguém pode tocar. E assim foi crescendo sem desanimar Sem deixar a tristeza e o medo o acompanhar Seguindo os passos que seu coração queria dar E no destino não podia crer Ele só queria viver! Juventude no meio do cafezal A escola é distante mas não fazia mal Caminhava as léguas que tinha pra aprender a ser racional Trabalho forçado que nunca achou normal Seus pais já não o acompanhavam Mas sabia bem onde eles estavam Sinal de perigo ele olhava pro céu E pra todos pedia a benção de Deus Sabia que o mundo não é ruim e com isso dizia: "A vida é boa! Eu moro naquele campo de jasmim Naquela casinha perto da lagoa Um fogão de barro, um banquinho, uma cama, Uma chaleira, um bom chimarrão, É tudo que posso lhe oferecer mas, vá lá, É tudo de coração. Ganhei o que eu tenho com o meu suor E da simplicidade não abro mão". Liberdade e igualdade pra pensar Era só o que ele queria preservar. Tudo que aprendeu, queria ensinar E das feridas queria esquecer Ele só queria viver. Ô sinhá! Me dê um copo d'água; Eu tenho sede, minhas vistas estão cansadas Pensando bem, acho que não escreverei nada. Quem vai querer saber de mim? Um preto velho com a vida no fim Que viveu apenas sorrindo à toa, dizendo pro mundo: "A vida é boa! Mesmo sem riqueza, mesmo sem conforto, Assim como a figueira de tronco torto Que dá a sombra que o home precis Pra escapar da insolação, Descansar sentindo a energia do chão. Eu não vim ao mundo pra servir de inspiração Mas pra quem quer conselho preste muita atenção: Não se entregue ao cansaço, tão pouco à desolação Não temos o que temer Apenas temos que viver!

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