Nada será como dantes.
Um novo conceito de "dance music" nasceu.
Já com um espólio apreciável de composições, o projecto Kurumaken reinventou o "gothic", oscilando entre composições harmónicas inspiradas na musica de orquestra clássica, e o "sampling" ruidoso, urbano, e com abordagens rítmicas industriais.
Temas como "Kaji Desu", constituem uma ode ao fogo, cataclismico e galopante, meteria convertida em sonoridades, e contrasta radicalmente com temas como "My Dream", mais humano e sentimental, que retrata a luta de um ser humano, contra a solidão anónima, de pessoas comuns, que vivem no seio de um mega-cidade, sobrelotada e esquizofrénica.
O som, no inicio estranha-se, mas depois entranha-se, toxico, corrosivo e viciante.
O núcleo duro do Kurumaken distribui-se por três continentes distintos, resultando desta associação multicultural um produto musical de características únicas.
Envolto num ambiente marcadamente electrónico, versus componente humana, o projecto Kurumaken, não cumpre regras, nem segue esquemas harmónicos previamente estabelecidos. Misturam-se sons do passado, do presente e do futuro, numa quebra constante dos modelos espaço-temporais. Geishas, robots, martelos pneumáticos, e violoncelos, coexistem no mesmo universo musical, numa cadencia sempre próxima dos 140bpm.
O processo de criação e caótico. Os temas nascem sem procurações de ordem genética, e podem associar-se a estilos tão distintos como o Jazz, o Pop, o Rock, ou o Canto Gregoriano. Depois, tudo muda. Como se de um corpo se tratasse, o tema é desmembrado e pedaços de carne são arrancados, e substituídos por elementos bélicos cibernéticos, que disparam em todas as direções, com uma cadência demolidora, e por vezes triturante. O DJ assume o controlo da entidade robótica, e os músicos conferem-lhe uma componente humana, e uma alma.
Depois disto? nada será como dantes.
Tokyo, The Outer Limits, 2011
The Rolling Stone